Categoria: Diário da Unidade

As três albufeiras que banham o Concelho da Sertã

A Freguesia de Cernache do Bonjardim Nesperal e Palhais pertence ao Concelho da Sertã, com uma área territorial com cerca de 450.50 km2, enquadrada no pinhal interior sul, no centro de Portugal.

O Concelho é banhado de norte a sul por toda a parte oeste, pelo majestoso rio Zêzere que nasce na Serra da Estrela junto ao Cântaro Magro, confluindo com o rio Tejo a oeste de Constância, após um curso de cerca de 200 km.

O Zêzere é o segundo rio exclusivamente português e representa uma notável riqueza hidroelétrica, aproveitada nas três barragens; Bouçã, Cabril e Castelo do Bode.

Estas três barragens construídas no século passado conferiram ao Concelho da Sertã o privilégio de lograr, de um vasto acumulo de património hidrosférico e enriqueceram o nosso território com paisagens deslumbrantes e outros recursos delas provenientes como a atividade piscatória, atividades de lazer nas praias fluviais e atividades aquáticas desportivas, etc.

As bacias hidrográficas chamadas de barragens, represas ou açudes são barreiras artificiais construídas em cursos de água para a retenção de grandes quantidades de água. A água aí retida forma um lago artificial que tem várias finalidades, a principal é garantir o abastecimento de água de zonas residenciais.

As atividades agrícolas e as atividades industriais a produção de energia elétrica (energia hidráulica) a regularização de um caudal, a prevenção das cheias são, assim como o recreio o lazer, o desporto e a pesca lúdica, também funções destas construções.

A água é um bem essencial e não deve faltar ao ser humano, nem a nenhum ser vivo!

Sendo a água extremamente importante para o planeta e para todos os seres vivos que nele habitam, é crucial que todos os seres humanos compreendam essa importância e respeitem esse bem que escasseia em muitas zonas pondo em causa a sobrevivência de seres vivos, a conservação da biodiversidade e, o equilíbrio do clima.

As diferentes formas de vida são dependentes da água, presente nos mais variados ecossistemas, é a água um elemento fundamental e identificativo de vida, pois em novos planetas o recurso demonstrativo de vida é a existência de água nos seus diferentes estados. Os três estados físicos da água na natureza são; líquida nos oceanos e rios e nas gotículas das nuvens, sólida no gelo e gasosa no vapor de água na atmosfera (invisível).

Os alimentos são ricos em água, dependendo da espécie, a água poderá representar 98% da totalidade do alimento. No corpo humano varia entre 50 e 75%, dependendo da idade e sexo. Há também seres microscópicos, como bactérias compostas por até 75% de água.

O planeta Terra tem cerca de 70% da sua superfície coberta por água, mas 97,5% dessa quantidade é de água salgada que se encontra em maior parte nos mares e oceanos. A água doce representa apenas 2,5% e está dividida da seguinte forma; 68,9% geleiras e calotas polares, 29,9% em águas subterrâneas, 0,3% em rios e lagos e 0,9% em locais como pântanos e umidades do solo.

Não podemos esquecer também que a água não se encontra distribuída uniformemente no mundo. Em alguns lugares da terra há grande disponibilidade de água doce, mas em muitos outros a escassez deste bem é uma realidade, como em regiões semiáridas e nos desertos.

Nesta pequena reflexão sobre a água e a sua importância, não podemos deixar de referir o ciclo da água que, para a maioria de nós se resume ás estações do ano. As quatro estações refletem um ciclo hidrológico no qual a água circula pela atmosfera e litosfera, este é um longo processo composto por várias fases e é um fator determinante para o clima da Terra, uma vez que é responsável por uma parcela importante da circulação de energia na atmosfera.

A pluviosidade sentida em determinadas épocas do ano, nomeadamente na nossa região, reabastece os níveis de água das três albufeiras o que nos deixa mais tranquilos em relação ás épocas de verão que são cada vez caraterizados por secas severas e temperaturas muito altas para o que era “normal” para o verão.

Os 5 verões mais quentes da Europa dos últimos 500 anos ocorreram nos últimos 15 anos, sem incluir o último verão. Todos foram mortíferos. A vaga de calor de 2003 foi a pior, onde mais de 70.000 pessoas perderam a vida.

Todos nós temos o dever e a responsabilidade de respeitar este recurso hídrico crucial para a sobrevivência dos seres vivos, poupando-o e fazendo um uso consciente e responsável deste bem maior.

Diante desta necessidade, surgem com maior frequência iniciativas de conscientização do valor da água e da importância de sua conservação, como nas atividades realizadas no Dia Mundial da Água, que demostram a gradual mudança da mentalidade coletiva no sentido de que é necessário o uso racional dos recursos hídricos terrestres.

A perceção do público sobre os rios em geral vem mudando continuamente de forma que passam a ser vistos como corredores ecológicos e culturais que precisam ser conservados e protegidos, sobretudo no ambiente citadino.

Desta forma, o século presente promete uma nova revolução no modo como a humanidade faz uso dos recursos hídricos globais.

Muito haveria a dizer sobre este bem imprescindível para a vida nas suas mais variadas formas!

Estamos em dezembro de 2022 e podemos dizer que no nosso Concelho a água tem dado lindíssimos espetáculos na sua passagem, a fartura que podemos conferir nos muitos cursos de água, reflete-se nas três barragens que temos o privilégio de ter nas fronteiras do nosso Concelho, e que estão neste momento na sua cota máxima dado um espetáculo natural que é procurado por muitos curiosos que se deslocam ao local para registar as imagens da majestosa queda de água que trasborda por cima dos paredões ou pelas laterais.

Como foi noticiado no dia 19 deste mês; “CERNACHE DO BONJARDIM – Barragem da Bouçã volta a dar espetáculo natural” e hoje “SERTÃ: Barragem do Cabril já descarrega pela lateral” pela Rádio Condestável.

Seguidamente deixamos a caraterização e a ficha técnica das três barragens que estão situadas nos limites do Concelho da Sertã com outros Concelhos. Esta fronteira concelhia é estabelecida pelo rio Zêzere onde temos a oeste Ferreira do Zêzere e noroeste Figueiró dos Vinhos e Pedrogão Grande.

 

Bouçã



Barragem da Bouçã (fonte EDP)

A barragem da Bouçã une os distritos de Castelo Branco e de Leiria, situada a poucos quilómetros de Cernache do Bonjardim, exibe o fenómeno natural de descarregar por cima e, quando acontece esta situação atrai ali sempre, centenas de pessoas que querem registar o espetáculo que acontece quando o caudal excede o normal, e a água galga o descarregador central (paredão), provocando uma queda natural. Este fato acontece quando a pluviosidade é constante e em grande quantidade durante um grande período de tempo.

Esta barragem, construída em 1955 é das poucas no país que descarrega por cima, possuindo um descarregador central de cheia que permite um caudal máximo descarregado de 2.200 m³/seg.

Esta infraestrutura está construída em forma de arco abobadado, junto à pequena localidade de Bouçã, e situa-se a jusante da Barragem do Cabril e a montante da barragem de Castelo do Bode.

Informação Técnica:

-Entrada em Serviço: 1955

-Potência Instalada: 44 MW

-Curso de Água: Zêzere

-Produtibilidade Média Anual: 141 GWh

-Localização (Coordenadas GPS): 39°51’13”N, 8°13’11”W

-Tipo de Grupos: Simples

-Armazenamento Total: 7,9 hm³

 

Cabril

Barragem da Cabril (fonte EDP)

Considerada uma das maiores barragens portuguesas, a barragem do Cabril situada entre Leiria e Castelo Branco, começou a operar em 1954, numa obra de arquitetura construída com o objetivo de ser uma reserva de água doce com os mesmos objetivos das demais, acabou por dar lugar a um amplo espaço de lazer ao ar livre, ideal para os amantes da natureza.

Acampar, caminhar, fazer um piquenique ou jogar uma partida de ténis são algumas das possibilidades para quem visita e quer ficar junto à Barragem do Cabril. Neste lago muito procurado para passeios de barco à vela, a motor ou a remos, a pesca (em especial do achigã) é uma atividade que enriquece a gastronomia da região, fazendo parte de alguns pratos gastronómicos típicos deste Concelho.

Informação Técnica:

-Entrada em Serviço: 1954

-Potência Instalada: 108 MW

-Curso de Água: Zêzere

-Produtibilidade Média Anual: 289 GWh

-Localização (Coordenadas GPS): 39°55’4”N, 8°7’58”W

-Tipo de Grupos: Simples

-Armazenamento Total: 615 hm³

Castelo do Bode

Barragem de Castelo do Bode (fonte EDP)

 

Situada a jusante das barragens; Bouçã e Cabril, a barragem de Castelo do Bode começou a operar a 21 de janeiro de 1951 tem como principal função o abastecimento de água, designadamente a Lisboa, produção de energia elétrica, defesa contras as cheia e atividades recreativas.

É utilizada pelos adeptos de desportos como o windsurf, vela, remo, motonáutica e jet ski, bem como da pesca desportiva (truta, achigã, enguias e lagostim vermelho).

Situa-se nos limites dos concelhos de Tomar e Abrantes no distrito de Santarém. É uma das mais altas construções de Portugal. No concelho da Sertã

 

Informação Técnica:

-Entrada em Serviço: 1951

-Potência Instalada: 159 MW

-Curso de Água: Zêzere

-Produtibilidade Média Anual: 361 GWh

-Localização (Coordenadas GPS): 39°32’34”N, 8°19’7”W

-Tipo de Grupos: Simples

-Armazenamento Total: 902,5 hm³

 

Fontes:

https://turismodocentro.pt/artigo/barragem-do-cabril-uma-das-maiores-barragens-portuguesas/

https://portugal.edp.com/pt-pt/historias-edp/mil-e-uma-funcoes-de-uma-barragem

https://turismodocentro.pt/

Programa especial da albufeira de Castelo de Bode (Modelação especial da qualidade da água da Albufeira de Castelo do Bode) – Lisboa, maio de 2019

nationalgeographic.com

As Bonecas de Palhais

Bonecas de Palhais

 

A Histórias destes bolos, “As Bonecas de Palhais”, foi-nos contada em abril de 2021 debaixo de uma parreira de uvas á porta de sua casa, no lugar Lameira dos Reis em Palhais. Devido a pouca informação sobre este tema, fomos saber mais junto de uma protagonista que gentilmente falou sobre estes bolos e a importância que tiverem na sua vida.

D. Virgínia Rosa Ferreira Marçal acusando o peso dos seus 80 anos, mas com um sorriso no rosto foi-nos contando com nostalgia a história que estes bolos tiveram sua vida.

Casada com o Sr. João que comemoraria em brevemente as suas 83 primaveras, tiveram oito filhos e agora são seis, referiu, seguiu os paços da sua mãe e da sua avó paterna a “Tia Caseira” como era conhecida na altura.

A sua avó “A Tia Caseira” ficou viúva com quatro filhos rapazes para criar, o mais novo com quatro meses de idade, “mas ela não desistiu” referiu, com a receita destes bolos que já eram confecionados pelos seus antepassados e a ajuda dos filhos corria os três Concelhos; Sertã, Vila de Rei e Ferreira do Zêzere, de canastra á cabeça cheia de bolos sempre que havia uma festa religiosa um arraial ou um mercado.

Atravessava-se o rio Zêzere nos barcos a remos, era o transporte que havia naquele tempo. Estas Bonecas eram também confecionadas para as bodas e os batizados, iguaria que não podia faltas nestas épocas festivas para enriquecer a mesa dos convidados, e eram também oferecidos aos vizinhos nas vésperas dos casamentos com o arroz doce (tradição da altura), uma forma de celebrar a alegria do matrimónio.

A sua mãe que era casada com um dos quatro filhos da “Tia Caseira” teve duas filhas, mas só uma deu continuidade a esta tradição e meio de sustento familiar, era dona de casa e o rendimento dela chegava através da venda destes bolos da criação dos animais e dos produtos hortícolas que iam produzindo.

A D. Virgínia aprendeu com a sua mãe e com a sua avó todos os preceitos de confecionar esta receita, desde o aquecimento do forno a lenha e a temperatura certa, á forma de amassar os ingredientes até a massa estar no ponto certo, a modelagem da massa e a forma de os cozer. Todo um processo que tinha que ser executado em equipa, não era tarefa para uma só pessoa sem ajuda.

Foram muitos os quilos de farinha que a D. Virgínia amassou, de uma só vez dezoito, referiu, esta atividade era muito trabalhosa. Primeiro a confeção, depois o transporte para as romarias, festas e mercados, que era feito a pé com os cestos á cabeça e a passagem do Rio Zêzere era feita de barco a remos e depois a venda. A venda era um processo contínuo, de noite e de dia até esgotar o produto, só aí vinham para casa.

Havia festas mais importantes como o domingo de Pentecostes ou do Espirito Santo em Dornes onde se cumpre a tradição no Santuário de Nossa Senhora do Pranto recebendo o círio de Ferreira do Zêzere e de outras localidades. Estas festas antigamente duravam dias, e quando se acabavam os bolos ou já havia poucos e muito tempo de festa, ia-se a casa fazer mais uma fornada para aumentar o rendimento, “porque era este dinheiro que governava a casa”, afirmava.

As Bonecas, as Ferraduras e ou/os Bolos eram vendidos para quem queria, com café ou refresco feito no momento da venda, porque antigamente, declarou, não havia cerveja e sumos como agora. Eram tempos bem diferentes em tudo, narrou.

As Bonecas das festas já faziam parte das memorias de infância dos mais velhos com a sua textura e sabor inconfundíveis. As Ferraduras, também conhecidas como bolos das festas, partilham o mesmo sabor das Bonecas, com uma textura mais húmida e suculenta, possivelmente por serem maiores, pois são feitas com a mesma massa.

Estamos a falar de três gerações que obtiveram a sua maior fonte de rendimento com a confeção desta iguaria e desta forma governaram a sua vida e criaram os seus filhos. Este produto gastronómico era apreciado por muitas pessoas que só podiam degustar em dias festivos.

Como muitas famílias neste meio rural do interior do País, viviam do que a terra dá quando é trabalhada e da criação de animais. Palhais uma aldeia situada perto do rio Zêzere, a atividade piscatória também enriquecia a dieta destas famílias e o mel que também é um produto fortemente produzido neste território.

No entanto esta receita ancestral serviu de fonte de rendimento para algumas famílias, outras só a faziam para consumo próprio.

Os ingredientes necessários são:

– Farinha 55

– Ovos

– Canela e Erva-doce

– Açúcar

– Sal

– Fermento do padeiro

A forma de confeção:

– Inicialmente junta-se num recipiente todos os ingredientes

– Depois amassa-se muito bem e deixa-se levedar

– Molda-se a massa da forma desejada e colocasse na chapa ou nos tabuleiros de ir ao forno e deixasse levedar mais um pouco

– Por ultimo vão ao forno de lenha a cozer até ficarem douradinhos.

Era desta forma que várias famílias obtinham, graças a muito trabalho e dedicação, grande parte dos recursos monetários para o sustento familiar.

Foi assim que a D. Virgínia descreveu a história das Bonecas de Palhais que eram confecionadas da mesma massa que as Ferraduras e os Bolos redondos. A receita da “Tia Caseira” passou de geração em geração e para vizinhas e amigas e hoje, há em Palhais várias pessoas que as confecionam obedecendo á tradição de tempos mais antigos.

Cernache do Bonjardim, 7 de fevereiro de 2022

 

 

Fontes:

  • https://milhoreidirecto.wixsite.com/inicial/boneca-de-palhais
  • In loco, com autorização de D. Virgínia
  • Imagens :APROSER Sertã

 

Ana Vitorino.

 

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 Bonecas de Palhais

 

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A Igreja do Nesperal

A Igreja do Nesperal

 

 

Situada no cimo, onde o sol a ilumina todo o dia, a Igreja do Nesperal foi ao longo dos séculos intervencionada e ampliada conforme as posses e vontade do povo que sempre zelou com brio este espaço de devoção.

Sendo a Freguesia do Nesperal das mais antigas do Concelho da Sertã, a sua fundação será posterior á de Sernache do Bom Jardim porque já existiria em 1560 conforme afirma Cândido Teixeira, pág.163. Esta edificação de inicio, serviu de matriz a ermida de S. Pedro que já existia em 1535 como refere a carta de d`el-rei D. João III a qual terá sido dirigida a mordomos e fregueses para darem um bôdo (uma iguaria, um manjar) a pobres todos os anos.

Foi edificada pelos moradores pouco depois da criação da Freguesia de São Simão do Nesperal. Depois de intervencionada em 1630, o Grão-Prior do Crato, Sr. D. Francisco financiou em 1700 a reconstrução da capela-mor e da sacristia, por sua vez, as confrarias da mesma Freguesia mandaram fazer as molduras e painéis do teto da capela mor e a obra de talha, tanto do altar mor como dos dois altares laterais, no que gastaram 110.000 réis. As confrarias mandaram ainda pintar e dourar a referida obra de talha dos três altares citados, conforme se pode ler na pág.167 do livro “Antiguidades, Famílias e Varões Ilustres de Sernache do Bom Jardim e Seus Contornos” de Cândido Teixeira.

A igreja tinha em 1758 de acordo com as Memórias Paroquiais, quatro altares, onde se veneravam as imagens de S. Simão, N.a Sra. da Soledade, S. Brás, Santo António, Espírito Santo, N.a Sra. da Piedade, N.a Sra. do Rosário e S. Miguel. Em 1787 foram levadas a cabo obras no telhado e na torre do relógio. Porem, no ano de 1824. A população do Nesperal pediu ao Grão-Prior do Crato o “concerto e reedificação” da sua igreja matriz, “a qual se acha no mais deplorável estado de ruína e próxima a demolir-se de todo, pela falta de emadeiramentos e reparos que muito precisa”. A intervenção avançou no ano seguinte. Já em 1940 a torre da igreja foi também alvo de reparação.

Este templo é “digno de admiração” pelo seu recheio, destacando-se os quatro altares em talha do séc. XVIII, os painéis de madeira pintada anteriores ao séc. XVII, uma cruz processional de prata do séc. XVII e um artístico pálio do séc. XVIII.” (Lopes, 2013) pág.346.

 

Os edifícios de Cultos Religiosos, Igrejas Católicas, (que é o objeto do nosso estudo) para além do culto de adoração a Deus (latria; do grego, latria é um termo teológico utilizado pelas Igrejas Católica e Ortodoxa que significa o culto de adoração devida e dada somente a Deus, ou seja, à Santíssima Trindade), acolhem também o culto de veneração aos Santos (dulia; é um termo teológico que significa a honra e o culto de veneração devotados aos Santos) e à Virgem Maria (hiperdulia; é um termo teológico utilizado pelas Igrejas

Católica e Ortodoxa que significa a honra e o culto de veneração especial devotados a Nossa Senhora) são locais de culto oficial e publico que se manifesta através da piedade popular, que é o culto católico privado.

Dentro da piedade popular, que é de certo modo facultativa, destacam-se indubitavelmente as devoções; enquanto que na liturgia, destaca-se a Missa. Desta forma estes edifícios religiosos assumem um papel importante na sociedade, este local é de extrema importância para os católicos que ao longo das suas vidas comemoram momentos de muita alegria e também de tristeza. Sítio de encontros familiares e de amigos, as idas à igreja vão muito para alem da oração, da reflexão, da celebração de um batizado ou da despedida de um entrequerido.

A Igreja Católica tem uma estrutura hierárquica muito bem definida. De acordo com os n.º 874 a 877 e n.º 934 a 945 do Catecismo da Igreja Católica (CIC), publicado pela Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II Fidei Depósitum em 11 de outubro de 1992, a Igreja Católica está organizada hierarquicamente da seguinte forma: Papa, Bispos, que podem ser Arcebispos ou Cardeais, Padres, Diáconos e Leigos.

Da mesma forma que existe uma hierarquia no clero, também existe uma estrutura organizacional na Igreja Católica que é definida em função da territorialidade, que de acordo com as estruturas institucionais portuguesas se encontra organizada da seguinte forma: Santa Sé, Conferência Episcopal Portuguesa, Arquidioceses, Dioceses e Paróquias.

Em cada Paróquia existe o concelho paroquial e o conselho económico paroquial que tem como função a gestão responsável e assertiva dos bens dessa Paróquia.

Nos anos noventa as Paróquias foram constituídas por ordem do governo, como entidades com personalidade jurídica, entidades que fazem parte do setor da economia social por força do art.4º da Lei n.º 30/2013, devem evidenciar essa transparência, quanto à origem e destino dos seus recursos, divulgando a sua informação económica e financeira a todos os interessados.

Nos anos noventa, por ordem do governo, foram registadas nas finanças como: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de…todas as Paróquias do País.

Para efeitos normais, esta é a Paróquia do Nesperal. É assim que foi criada na Igreja e mantém esse título. Só a nível de estado é que é denominada de Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia do Nesperal.

Esta Igreja do Nesperal, deste o primeiro momento da sua edificação tem vido a ser intervencionada no sentido de a tornarem um espaço mais seguro e mais acolhedor para os seus fiéis. Analisando a cronologia da sua existência podemos verificar que terá sido edificada antes de 1535 e em 1630 sofreu obras de ampliação e melhoramento já em 1700 foi reconstruída a capela-mor e a sacristia. Em 1824 a população levantou a voz para pedir obras alegando o estado avançado de degradação e elas realizaram-se em 1825, em 1940 foi a vez da torre sineira da Igreja do Nesperal ser reparada, desde esses tempos a Igreja a cada ano que passava mostrava sinais de degradação que se iam evidenciando com o passar dos anos.

Na Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Nesperal, fazia parte do Concelho Económico, que está em funções três anos, (podendo cada membro participar em dois mandatos ou seja seis anos, depois dar lugar a outros que estejam disponíveis para assumir esta responsabilidade), o Sr. Fernando Mendes Vitória casado há 59 anos com a D. Maria dos Anjos.

 

O estado de desleixo e esquecimento da Igreja do Nesperal era visível e sempre que falava com o seu cunhado, o Sr. José Nunes Leitão (Capitão Leitão) como gosta de ser chamado, lhe dizia que era urgente fazer obras de restauro em toda a estrutura da Igreja. Um dia este tema foi de novo assunto de conversa e o Sr. Fernando perguntou ao cunhado qual a quantia que ele pretendia doar para a realização destas obras, visto que a conta bancária não tinha a quantia necessária para que isso se tornasse uma realidade.

Prontamente o Capitão Leitão respondeu que doaria 50 mil euros, uma importante ajuda, mas ainda assim para se fazer a intervenção pretendida, não era o suficiente, e foi aqui que entrou de novo o povo desta Freguesia. A união faz a força e quando todos querem a obra realiza-se. Foi graças á dedicação e persistência da D. Maria dos Anjos que se amealhou o restante necessário para a obra, “e agora sim, já acreditámos que a nossa Igreja se ira transformar num espaço de devoção lindo”, referia a D. Maria dos Anjos quando nos deu o prazer de nos receber, para nos contar como foi que tudo aconteceu.

A responsabilidade deste restauro foi entregue a uma empresa de Braga de reparação e restauro para onde seguiram todas as peças de madeira; retábulos e imagens desta Igreja e lá foram restauradas. A Igreja ficou “despida” e era a oportunidade certa para a substituição da parte elétrica e de tratar das paredes interiores, era necessária uma intervenção profunda. Foram substituídas algumas portas e reparadas outras.

 

Finalmente a montagem de todas as peças já restauradas foi feita pela equipa de técnicos experientes da mesma empresa que montaram e pintaram, aplicando todo o revestimento em folha de ouro como nos explicou o Sr. Fernando Vitória, em todos os espaços que estão a amarelo que reluz como se tivesse sido colocado hoje, referiu.

 

Este trabalho demorou cerca de 2 anos, e no dia 6 de janeiro do ano de 2019 foi finalmente apresentado aos fiéis desta comunidade para alegria de todos.

 

No dia seguinte a Rádio Condestável publicava “NESPERAL – Comunidade ajuda a preservar património religioso” nesta noticia podemos ler que esteve presente nesta cerimónia D. Antonino Dias, Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, que felicitou todos os envolvidos afirmando que a Igreja estava agora “muito mais bonita” e que estas obras são o reflexo da vontade desta comunidade paroquial, referindo que “não se mede pela quantidade de pessoas, nem pela sua área geográfica. Uma comunidade paroquial avalia-se pela sua capacidade de colaborar, participar e aqui é um testemunho belíssimo disso”. Esta obra contou ainda com a colaboração da Camara Municipal da Sertã e da União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais.

 

O Padre Paulo Jorge Martins valorizou o gesto deste benfeitor que foi o empurrão necessário para que esta obra se realizasse.

 

José Farinha Nunes presidente da autarquia sertaginense nesta altura, referiu a importância de todo o património religioso ou não, existente no nosso Concelho e a importância da preservação do mesmo.

 

Nestes territórios do interior do país, este património religioso é um pilar importante para a comunidade paroquial, assumindo muitas vezes o papel de psicólogo de pessoas que vão em busca de respostas, de paz ou de algum conforto emocional.

 

Graças a uma vontade comum, a comunidade do Nesperal tem orgulho da sua Igreja que ainda precisa de uma pintura exterior e de arranjos na sua envolvente para que tudo se encontre conforme a vontade de uma gente determinada e com um sentimento de interajuda, porque só desta forma se consegue concretizar feitos desta dimensão.

 

Neste momento, não existe na União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais, uma Igreja com o seu interior tão bem preservado como esta do Nesperal. Quando entramos temos a perceção de um espaço não muito amplo, mas acolhedor onde todos os pormenores foram valorizados e melhorados. O restauro recentemente realizado deu uma nova imagem a esta Igreja que está agora transformada num espaço de devoção atrativo para qualquer tipo de visitantes, porque a beleza das pinturas de parede, os retábulos barrocos de talha de Estilo Nacional e a perfeição e história das imagens, dos altares e de toda a envolvência são dignos de visita inclusivamente por pessoas não crentes.

 

Que a força destas gentes e o trabalho deste restauro sirva de inspiração para que mais obras desta natureza aconteçam por todo o nosso território, porque só assim se preservam e protegem as nossas raízes, a nossa história a identidade de um povo.

 

 

Ana Vitorino

Cernache do Bonjardim, 23 Dezembro de 2021

Fontes:

Bandeira, A. M., Meira, D. A. e Silva, P. C. M. (2016) IX Coloquio Ibérico Internacional de Cooperativismo y Economia Social – Transparência Financeira nas Paróquias Portuguesas

CIC: Catecismo da Igreja Católica. (1992)

Lei n.º 30/2013, de 8 de maio, que aprova a Lei de Bases da Economia Social.

Lopes, Rui Pedro (2013) História da Sertã

Rádio Condestável

Teixeira, Candido (1930) Antiguidades, Familias e Varões Ilustres de Sernache do Bom Jardim e seus contornos – II Volume

https://pt.wikipedia.org/wiki/Culto_crist%C3%A3o

 

Todas as fotografias são de fonte própria 07-11-2021

 

 

 

 

 

 

AHBVCB vence Programa Bairro Feliz

 

 

Os Bombeiros de Cernache do Bonjardim venceram o “Programa Bairro Feliz”, levada a cabo pelo Pingo Doce e agradecem a colaboração de todos os que tornaram esta vitória possível.

Poderão ver toda a informação sobre o programa no link abaixo!

https://www.pingodoce.pt/responsabilidade/bairro-feliz

O nosso mais sincero obrigado!

#BairroFeliz #PingoDoce

www.facebook.com/pingodoce/

www.instagram.com/pingodoce/

Associação Cultural, Recreativa e Social da Senhora da Piedade

 

No seguimento da Revolução de Abril de 1974, a sociedade portuguesa verificou uma forte expansão do movimento associativo em diversos domínios da vida social, com a criação e/ou redinamização de milhares de associações e coletividades, muitas das quais assumiram um papel decisivo na educação e formação de um número muito significativo de jovens e adultos e no desenvolvimento de importantes dinâmicas educativas locais, configurando o que Canário (2007, p. 11) identifica como o “período de ouro da educação de adultos em Portugal”.

 

 

No Concelho da Sertã a Freguesia do Cabeçudo com 9,95 km2 de área e 906 habitantes (2021), tem cerca de 91 habitantes por km2, foi criada há vinte anos uma Associação graças ao Pároco da altura, o Sr. Padre Miguel Farinha hoje com 79 anos, um apaixonado pelo futebol que foi também o impulsionador da construção do campo de futebol do Cabeçudo.

Nesta zona do interior do País onde reina a acalmia típica das zonas rurais podemos visitar a Quinta de Santa Terezinha, a fonte datada de (MDCCXXII), a Igreja Matriz, o campo de jogos, o eucalipto centenário a Capela de Santo Estevão, podemos ainda usufruir da grandiosa festa que se realiza todos os últimos fins de semana do mês de agosto a Festa em honra da N.a Sr.a da Piedade – Stº Estevão, festividade que não se realiza desde o surgimento do vírus (Covid-19) que obrigou cessar todas as atividades culturais.

Esta Freguesia conta ainda com duas estruturas sociais profundamente importantes para a população; o Centro de Dia que acolhe os idosos protegendo-os da solidão, a Escola Básica e o Jardim de Infância que de tão próximos trocam as gargalhadas das crianças no recreio da escola com o sossego dos mais velhos.

Foi neste contexto que nasceu há 20 anos a Associação Cultural, Recreativa e Social da Senhora da Piedade esta associação dedica-se ao setor cultural e recreativo e tem a responsabilidade de promover atividades dedicadas ao convívio onde ao longo do ano se junta a população para desfrutar de atividades muito distintas.

 

Este trabalho de intervenção social, está direcionado para o lúdico onde se sente a hospitalidade destas gentes, a união da população a partilha de saberes e onde é estimulada a relação entre as diferentes faixas etárias.

Como podemos ler na página do facebook “Associação do Cabeçudo, uma Instituição criada pelo Povo para o Povo, Recebe e Promove Eventos para toda a Comunidade da Região Centro” rede social muito usada para dinamizar as atividades e esclarecer os sócios referiu o atual Presidente da Associação Sr.º Jorge Manuel Ferreira Pires, que nos explicou que há eleições de dois em dois anos dos órgãos sociais e que é desta forma que fica criado o grupo responsável pela dinamização, organização e gestão de tudo o que está inerente à Associação.

As atividades que se realizam ao longo do ano, preferencialmente uma ou duas por mês, são tão diversas como; bailes, passeios de motorizadas, homenagens e atividades comemorativas do dia da mulher, participação do carnaval do Outeiro da Lagoa (no ano 2020 com A brigada do Reumático), rota das adegas, dia do sócio, torneio de sueca, passeio pedestre, festa do Cabeçudo, magusto e muito mais, todas ligadas á época e estação do ano vivida na altura.

As atividades grupais cumprem e preenchem uma necessidade referenciada na pirâmide de Maslow (a necessidade social), que é a necessidade de nos relacionarmos com pessoas, comunicar, partilhar emoções e descobertas, o afeto acompanha o desenvolvimento do indivíduo, o equilíbrio social e promovem a saúde física e mental. Quando estas necessidades são satisfeitas existe na pessoa, uma predisposição positiva em qualquer papel que ocupe na sociedade (na família, no trabalho com amigos e até com desconhecidos) é desta forma que atingimos a estima, e nos sentirmos dignos, autoconfiantes, independentes, autónomos, apreciados, respeitados por nós e pelos outros, com prestígio, reconhecimento, poder e orgulho.

Pertencer, colaborar, fazer parte de uma Associação desta natureza ainda que de forma mais passiva do que ativa é uma forma de cidadania e de partilha de experiencias de vida e de conhecimentos. Neste território tão ruralizado as pessoas dedicam muito do seu tempo às atividades agrícolas e á criação de animais tarefas que são por natureza solitárias, o convívio a alegria, as gargalhadas, alimentam e fortalecem o ser humano dando-lhe energia e boa disposição.

A Associação Cultural, Recreativa e Social da Senhora da Piedade tem conseguido unir a população envolvendo-a na realização das atividades e nas criação e manutenção do espaço físico da Associação onde se pode sentir o conforto e segurança para uns momentos de alegria e partilha.

Liderada por um grupo de pessoas dedicadas e responsáveis que primam por inovar na escolha das atrações culturais e na diversidade das atividades, já conseguiram trazer artistas a esta aldeia como o Quim Barreiros, Ruizinho de Penacova, David Antunes, Dj Silver Fox entre outros, “medido sempre muito bem as nossas possibilidades” como referiu o Presidente da Associação Sr. Jorge Pires.

Este trabalho iniciado há 20 anos vai continuar assim que a pandemia o permitir, porque as pessoas desejam estes encontros onde a alegria reina, onde se pratica exercício nas caminhadas que terminam com um almoço convívio na sede da Associação.

“Estamos todos com muita vontade de voltar a ter este espaço cheio de gente, sentir a alegria das crianças e dos mais crescidos também” referia o Presidente sorrindo e explicando que faz falta para todos, acrescentou que o trabalho não tem parado e que a cozinha está quase equipada para que na diversão e no convívio tudo seja ainda melhor.

Que não finde a vontade de continuar a “alimentar” esta ação de concretização de atividades coletivas sociais que são tão benéficas para todos onde a cultura o desporto, e sobretudo partilha de saberes e de amizade, fantasia e nutre o anseio do próximo evento.

Ana Vitorino, 06/08/2021

Fontes:

– Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População)

–  https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes

– https://www.facebook.com/associacao.cabecudo/

– Canário, Rui (Ed.) (2007). Educação popular e movimentos sociais. Lisboa: Educa.

Ana Vitorino, 06/08/2021

Donativo à nossa associação!

Pouco depois de assinalarmos os 40 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cernache do Bonjardim, fomos agraciados com um donativo benemérito da D. Maria Helena Ramos que generosamente se propôs a oferecer à nossa Associação uma Ambulância de Socorro devidamente equipada e um DAE (Desfibrilhador Automático Externo), para servir toda a comunidade. A D. Maria Helena Ramos releva nesta generosa oferta os serviços prestados pelos Bombeiros de Cernache do Bonjardim na sua convalescença.
Agradecemos e relevamos este gesto que é um reconhecimento para todos nós e que nos permite continuar a cumprir a nossa missão e anseio de ter os melhores equipamentos disponíveis ao serviço dos nossos operacionais e comunidade em geral.
O nosso muito obrigado!

 

40 Anos de história ao serviço da comunidade!

 

 

 

 

Hoje assinalam-se os 40 anos da fundação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cernache do Bonjardim.

Cumpre-nos, por isso, nesta data enaltecer o papel de todos os, que de uma maneira ou de outra, contribuíram para o engrandecimento desta Casa e de uma forma muito especial a todos os nossos Bombeiros que continuam todos os dias a dignificar o que é ser Bombeiro do Corpo de Bombeiros de Cernache do Bonjardim.

Assinalamos esta data com uma missa em memória de todos os Bombeiros, Órgãos Sociais e Sócios já falecidos às 18 horas na Igreja Matriz de Cernache do Bonjardim, seguindo-se a deposição de uma coroa de flores no talhão dos Bombeiros no cemitério desta vila.

Aproveitamos ainda para remeter para o nosso site onde é possível encontrar com mais detalhe a História da nossa Associação:

VIKINGS do Castelo!

Hóquei em Linha

 

 

 

O Hóquei em Linha é uma modalidade da Patinagem relativamente recente.

Esta modalidade é jogada em recintos normalmente utilizados para o Hóquei em Patins com as dimensões de 44×22 metros – exceptuando as competições internacionais em que se exige como mínimo 50×25 m.

É jogada com um disco, patins em linha com 3 ou quatro rodas e sticks especiais. Os jogadores de campo utilizam um stick com 150 cm e o guarda-redes um de 100 cm.

A primeira competição oficial de Hóquei em Linha, foi o Torneio Aberto da APL (Associação de Patinagem de Lisboa) realizado em Nafarros, uma localidade da freguesia de São Martinho, concelho de Sintra em 97/98, com as equipas de Cascais e Buraca.

O Hóquei em Linha teve a sua primeira competição organizada pela FPP (Federação Portuguesa de Patinagem) na época de 1998/99, na época de 1999/2000 realiza-se pela primeira vez o Campeonato Nacional de Hóquei em Linha com a presença das equipas do Dramático de Cascais/Barracudas, Liga de Algés/Corvos, União Ciclista da Buraca/Blasters, Grupo Cultural Carregalense/Diabos, Grupo Cultural e Recreativo Castelense/Vikings tendo sido campeão o GDS Cascais/Barracudas.

Pode aceder a informação mais pormenorizada aqui!

No Concelho da Sertã, a Freguesia do Castelo, zona de intervenção dos Bombeiros Voluntários de Cernache do Bonjardim, com 24,62 km² de área e 1 046 habitantes (2011) foi o berço deste desporto em 1998 garças a um apaixonado por esta modalidade.

Nuno Flor vivia no Cacem e foi estudar para os Estados Unidos onde descobriu o prazer de jogar Hóquei em Linha. De regresso a Portugal, foi jogador sénior e treinador em Cascais até vir viver para a Sertã em 1997.

Na sua Hamburgaria/Pizzaria R&R havia um televisor onde passava todos os dias imagens e jogos do Hóquei no gelo e discutia-se muito esta modalidade desportiva.

Um dia recebeu um convite desafiante…

O Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, Srº Carlos Mateus Marques Lopes, convidou-o através de um vendedor de bebidas do Castelo a criar uma equipa e iniciar esta atividade. Foi assim que nasceu a modalidade Hóquei em Linha na Freguesia do Castelo.

“Eramos uma equipa de amadores com idades entre os dezasseis e os vinte e cinco anos e todos com atividades paralelas, por isso treinava-mos três vezes por semana ao início da noite” afirmou Nuno Flor.

 

 

A 1ª época foi em 2000/2001 e seguiram-se cinco épocas empolgantes que foram vividas com muito entusiasmo por todos os participantes, pelas suas famílias e amigos.

Nestes anos o Castelo enchia-se de vida sempre que havia um jogo em casa, fim de semana sim, fim de semana não, era a festa no Castelo todos queriam dar força á equipa da casa.

Vikings, era o nome da equipa, durante estas épocas ficaram; uma vez em segundo lugar no Campeonato Português e disputaram duas finais da Taça de Portugal.

Na época 2006/2007 participaram na Liga Portuguesa de Hóquei em Linha e conseguiram atingir a final.

Terminada esta época não houve mais competições oficiais a nível nacional e foi assim que tudo parou… Durante dez anos porque em 2017 houve um reinício deste desporto e para motivar participantes,

Nuno Flor nas suas redes sociais passava esta mensagem:

“Hóquei em Linha é uma modalidade recente, já com muito êxito em todo o mundo. Em Portugal esta a dar os primeiros passos e já vem nos manuais escolares do 5º ano. Sabias que existe uma equipa no Conselho da Sertã? Queres experimentar? Treinos grátis todos os sábados as 19H no Pavilhão da Freguesia do Castelo. Ensinamos desde a patinagem e temos equipamento para emprestar. Estas á espera de quê? Vem e traz um amigo também!” (21 de setembro de 2018 Nuno Flor).

A carência de cultura desportiva nesta zona de baixa densidade populacional faz com que a tendência seja o futebol e o Hóquei ainda não é muito conhecido pelos jovens.

O grupo de trabalho avançava com os atletas que tinham e os treinos eram semanais todos os sábados no Pavilhão da Freguesia do Castelo às 21h.

Com o apoio da Federação de Desportos de Inverno de Portugal em fevereiro de 2020, participaram numa atividade no Palácio do Gelo Shopping em Viseu, uma experiência fantástica para todos.

 

Os Vikings contavam com um universo de cerca de cinquenta atletas federados, na equipa de formação, na equipa de femininos e na equipa de séniores. A última atividade pública aconteceu no Valongo em Coimbra (2020), foi o último treino antes de tudo terminar. Uma equipa unida dinâmica e orgulhosa do desporto que praticavam, participaram e organizaram vários eventos, entre eles:

– Demonstração de Hóquei no gelo na pista de Natal, Sertã 2017

– Record mundial de patinadores num pavilhão, Coimbra 2017

– Treino de Patinagem no gelo, Elvas 2017

– Treino de Hóquei no gelo, Elvas 2018

– Participação de equipa sub 12 torneio internacional Fuengirola, Espanha 2018

– Participação em colaboração com Wolves de Algeciras no campeonato sub 12 – Andaluzia, Espanha 2018/2019

– Campus técnico Chiclana de la Frontera, Espanha 2019

– Treino hóquei no gelo, Elvas 2019

– Treino hóquei no gelo com Selecionador Nacional, Dolce vita Tejo 2020

– Treino hóquei no gelo com Selecionador Nacional, Viseu 2020

– Treino aberto ao público Valongo, Coimbra 2020

A Covid-19 veio obrigar a uma paragem de todas as atividades não essenciais e o Hóquei em Linha não foi exceção. Mas a vontade prevalece e o empenho não cessou para que os stiks e o disco voltem a cantar no Pavilhão do Castelo. Assim que a DGS permita, esta atividade terá início no local de origem, no Concelho da Sertã, na Freguesia do Castelo onde tudo começou, esta é a vontade das entidades envolventes!

“Nos próximos 3 anos vamos dedicar á formação para que apartir de 2024 sejamos equipa de seniores competitiva.” Exprimiu Nuno Flor o responsável por este desporto acontecer no Concelho da Sertã.

 

Cá vos aguardamos e desejamos que assim aconteça!

 

Por: Ana Vitorino